LIÇÕES DA INFÂNCIA

ROSANA CARNEIRO.

Há alguns anos atrás, no tempo de menina, a minha liberdade era orientada.
Como assim?
Estudei em escola administrada por religiosas, onde tudo tinha um motivo de acontecer e tudo tinha uma consequência.
Eu amava estar ali, a cada dia, recebendo ensinamentos que preenchiam minha alma com muita coisa boa e esclarecendo as que não eram tão boas assim.
Certa vez, estávamos com um problema na classe. Meninas queriam ser moças antes mesmo de amadurecer psicologicamente.Tínhamos entre 11 ou 12 anos e a irmã Gilda entrou na sala e perguntou:
- Quem gosta de laranja?
Todas levantaram a mão.
- E se a laranja estiver verde, vocês vão querer saborear?
Respondemos que não e ela perguntou o por quê, e muitas disseram que laranja verde não era boa, era amarga ou azeda.
Ela com sua sabedoria, disse-nos:
- A vida é assim: tudo tem sua hora para acontecer. Se a laranja ainda estiver verde, não está boa para saborear. Você tem que esperar o tempo dela ficar madura para ser degustada. O mesmo acontece com as coisas da vida. Tudo tem sua hora, tudo tem seu tempo e seu momento certo. Nada, na natureza, acontece antes da hora porque os ciclos tem que serem respeitados.
Foi uma ótima lição, pois eu aprendi a esperar para saborear as laranjas que a vida me dá.
Algumas doces, outras nem tanto, porém aprendi a esperar saborear cada momento em seu devido instante de maturação.
Tudo tem sua hora, seu momento, para acontecer.

A vida nos ensina que a liberdade está limitada à paz, pois sem paz não há liberdade.

A paz é a consequência dos atos que tivemos, é a liberdade na hora da escolha, é o mais nobre sentimento onde o espírito usufrui da liberdade.

Se eu respeito a liberdade do outro e o outro respeita a minha liberdade, então teremos paz.

Na verdade, na minha opinião, a paz é o respeito mútuo entre os seres, humanos ou não.